Investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) identificaram a oliveira do Mouchão, em Abrantes, como a mais velha em Portugal, com 3.350 anos, uma árvore que continua a produzir azeitonas.
Um misto de respeito e perplexidade são inevitáveis quando se observa um dos seres vivos mais antigos de Portugal. Foi recentemente datado como tendo a espantosa idade de 3350 anos, como se pode ler na página online do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas. É uma oliveira. A sua sombra, certamente, acolheu celtas, iberos, lusitanos, celtiberos, cónios, romanos, visigodos, alanos ou árabes que se alimentaram das azeitonas que produziu. É contemporânea do faraó Ramsés II e de Moisés (1250 anos a.C.).
No lugar de Cascalhos, freguesia de Mouriscas, localiza-se a Oliveira do Mouchão, a mais antiga de Portugal. Esta oliveira (Olea europaea L.) foi classificada como arvoredo de interesse público em 2007, num processo despoletado pela Câmara Municipal de Abrantes.
A oliveira foi, entretanto, objeto de estudo recente levado a cabo pela UTAD — Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro que, por força da metodologia descrita na Patente Portuguesa NP 104183, veio atestar que a dita oliveira tem, na realidade, 3350 anos.
A Oliveira do Mouchão, para além de ser um maravilhoso exemplar, com tronco oco, um perímetro base de 11,2 metros e forma sui generis, está bem presente nas memórias das populações locais.
Diz-se que os pescadores se juntavam ali, na oliveira velha, e era de lá que seguiam para os pesqueiros ou pesqueiras, estruturas à beira Tejo onde se pescava. O primeiro a chegar ao rio procurava ficar com a pesqueira do Mouchão, que era a melhor de todas. Por isso ficou a designação de Oliveira do Mouchão.
Mais de 3 milénios fizeram desta oliveira testemunha silenciosa de Fenícios aventureiros, de Celtiberos e de Romanos que se deliciaram com o seu azeite. À sua sombra, Cristãos e Muçulmanos selaram acordos. O vento que lhe assobiou nos ramos escutou a bravura de mourisquenses que combateram franceses invasores.