Os 20 castelos da ordem dos Templários em Portugal


 

Castelo de Longroiva

 

 

Castelo fundado durante a Reconquista e doado à Ordem do Templo em meados do séc. 12, que o reformou e construiu a torre de menagem, em 1174, sendo posteriormente remodelado e ampliado, no séc. 15 e 16, e amputado e alterado no séc. 19.

Do primitivo castelo, provavelmente construído no séc. 10, por iniciativa condal, não subsistem estruturas, dada a grande instabilidade militar na região e às vicissitudes por que passou, ainda que existam desse período sepulturas antropomórficas junto à torre. De facto, Longroiva foi um dos dez castelos doados ao Mosteiro de Guimarães, por D. Flâmula Rodrigues, em 960, mas tomado durante a grande investida de Almansor, no final da centúria, para ser recuperado definitivamente pelas forças cristãs de Fernando o Magno, em meados do séc. 11.

Regressado à posse do Mosteiro, em 1059, passa depois a particulares, no séc. 12, da esfera de familiares de D. Afonso Henriques que, finalmente, o doam à Ordem do Templo. Inicialmente, enquanto no domínio dos Templários, desempenhou um papel importante na defesa da fronteira leste de Portugal com o reino de Leão e Castela, articulando-se com os castelos de Mogadouro, Penas Róias, também dos Templários, de Algoso, da Ordem do Hospital e do Outeiro, da Coroa, todos na margem norte do rio Douro. Posteriormente perde importância estratégica.




Mário Barroca considera o castelo de Longroiva como um bom exemplar românico, com recinto muralhado, integrando ao centro a torre de menagem. Desconhece-se a planimetria do antigo recinto, já que a atual planta trapezoidal, de quatro faces, resulta das obras oitocentistas de adaptação a cemitério, altura em que se amputou o recinto, pelo menos na frente norte, mantendo a antiga frente sul e poente, em alvenaria de pedra, sem remate nem adarve, já que a zona superior é nova, depois da demolição do paço do comendador, deixando o acesso à torre fora do recinto.




A torre de menagem apresenta planta retangular, com paramentos aprumados em cantaria siglada, de três pisos, o primeiro correspondendo à cisterna, e os outros sobradados, rasgados por seteiras retilíneas e com acesso a norte, por portal sobrelevado, em arco de volta perfeita.




Constitui uma das torres de menagem mais antigas e datadas, associadas aos Templários, e a primeira, até agora conhecida em Portugal, a utilizar o hurdício, ou seja, uma galeria de madeira exterior, no topo dos paramentos, junto ao remate ameado, que se apoiava nos orifícios quadrangulares dispostos regularmente que conserva, permitindo tiro vertical sobre a base dos muros.




Esta solução inovadora deve ter beneficiado dos conhecimentos de arquitetura militar que o Mestre Gualdim Pais adquirira aquando da sua presença no Próximo Oriente, tendo existido um outro na torre de menagem de Guimarães, ainda que essa seja muito mais tardia. Na torre existe inscrição idêntica à do Castelo de Penas Róias, feita dois anos antes (v. 0408120006). No séc. 15, a defesa foi melhorada com a abertura de troneiras cruzetadas no recinto, subsistindo duas na frente sul e uma na poente, e nas ameias do parapeito da torre.

Nos finais desta centúria e início da seguinte, o comendador procede a obras no castelo e paço, ainda documentadas pelo portal em arco de volta perfeita biselado na frente sul do recinto e na abertura da janela conversadeira, virada à vila, mainelada e também biselada, no piso sobrelevado da torre.

Em 1507, à volta da torre, desenvolvia-se o paço do comendador, acedido por portal novo, à frente do qual tinha arco de cantaria, composto por um "recebimento" pequeno, com uma cisterna, uma sala à sua direita, sobradada, com acesso por escada pétrea, janela de assentos a norte e, ao canto, uma chaminé grande, uma câmara à sua direita, que ficava sobre a primeira entrada, com janela de assentos a poente, uma sala velha à esquerda da dita sala, com escada de madeira para a torre, e tendo inferiormente uma adega, uma outra casa pequena velha, com janela de assentos a nascente, uma outra casa pequena, uma casa de hóspedes, sobradada, com janela a poente e acedida a partir do "recebimento", uma cozinha térrea com um forno, um celeiro térreo e, a sul da torre, uma estrebaria, também térrea.




Estas dependências do paço entraram em ruína no séc. 18 e, no final do séc. 19, foram demolidas, deixando apenas algumas marcas e, a nascente, os orifícios onde se apoiavam os pisos.







Castelo de Ródão / Castelo do Rei Vamba

 



 

Castelo construído no final do séc. 12 / início do séc. 13, pela Ordem do Templo, após a doação da Herdade da Açafa, em 1999, num local de grande importância estratégica, sobre o rio Tejo e as denominadas Portas do Ródão, integrando-se na linha defensiva do vale do Tejo.

Era composto por circuito muralhado, de planta trapezoidal irregular, com paramentos aprumados, de que conserva atualmente dois panos de muralha, já sem remate, e por torre de menagem no interior do recinto, sobre o local mais elevado, seguindo o esquema dos castelos românicos.

A torre de menagem de planta retangular, com paramentos aprumados em alvenaria de pedra e cunhais ciclópicos, devia ter três pisos, ainda que hoje só conserve dois, pois o Tombo de 1505 refere ter dois pisos sobradados, o inferior cego, e acesso sobrelevado, virado ao rio, por portal em arco apontado, de provável feitura trecentista, com tímpano inscrito e siglado; as restantes fachadas são rasgadas por seteiras retilíneas muito pequenas.

No interior, o pavimento do segundo piso apoiava-se na espessura do muro, que é mais grosso inferiormente, criando ressalto. Com o avanço da fronteira para sul, o castelo de Ródão perdeu importância e é abandonado, tendo no início do séc. 16 as muralhas já derribadas "per partes" e a torre sem pisos.

Contudo, volta a adquirir valor estratégico na Guerra dos Sete Anos (1756-1763) e na Guerra Peninsular (1807-1814), sendo reformado nessas épocas e construindo-se baterias no local e na encosta.




Castelo de Idanha-a-Nova

 



Castelo provavelmente construído no início do séc. 13, pela Ordem do Templo, integrado na defesa da Beira interior, reformado no séc. 15, perdendo depois importância estratégica, o que leva à sua ruína, subsistindo apenas a zona principal do recinto, de planta ovalada, com algumas fiadas dos paramentos aprumados da muralha, adaptadas à morfologia do terreno, hoje convertido em miradouro. No início do séc. 16, encontrava-se em bom estado e era composto por castelo e barbacã completa, integrando a norte a igreja paroquial, acedida pela liça.




Os paramentos eram aprumados e terminados em parapeitos ameados. A barbacã, possivelmente do séc. 15, era de pedra e barro, tinha a poente uma torre cadeia e sudeste a porta flanqueada por torre retangular e um cubelo curvo, ambos com troneiras. O castelo, com as muralhas em "canto lavrado", era seccionado a norte por muro, criando um "apartado", e tinha duas portas, a principal formando L com a porta da barbacã e a outra no lado oposto, acedendo ao "apartado".

A porta principal era flanqueada por duas torres, uma delas, poligonal, com alambor bastante pronunciado, albergando cisterna, adossando-se na face interna uma nova casa para mantimentos e armaria sobre loja, com portal encimado pelas armas do rei.

No interior do recinto erguia-se a torre de menagem, de cantaria, ameada, com portal pequeno sobrelevado, interiormente com dois sobrados, sendo acedida por escada a partir da casa do comendador, desenvolvida à sua volta e adossada à muralha, composta por sala, câmaras, cozinha, despensa e alpendre fechado.

Do outro lado do muro, dispunham-se dependências de apoio (celeiro, estrebaria, pardieiro, casa do forno etc). Em ambas as faces mais compridas da muralha existiam escadas de acesso ao adarve.

No início do séc. 17 a casa do comendador já estava meio desbaratada e a barbacã ainda em pior estado, pois algumas zonas estavam desmoronadas até aos alicerces. A situação foi-se agravando, ao ponto de, em 1758, se referir que dos muros de outrora, "conserva algum pela parte do nascente e poente" e tinha castelo e torre meia caída.

Atualmente a zona menor do recinto ou o "apartado" e o traçado da barbacã só é parcialmente percetível no terreno.




Castelo e cerca urbana de Castelo Branco

 

Fortificação terrestre da época medieval, composta por castelo e cerca urbana, construídos no séc. 13 e 14, respetivamente, pela Ordem do Templo, articulando-se com outros castelos da Beira, tendo sido reformada no séc. 15 e 16, e passado à Casa do Infantado no séc. 17. A confirmação da doação do território, em 1215, pelo papa Inocêncio III, refere que os Templários haviam construído a vila e fortaleza de Castelo Branco, mas, se nesta data, já existia uma fortificação, essa deveria ser anterior ou bastante elementar e construída sobre estruturas mais antigas, pois a doação ocorrera apenas um ano antes e no local já habitava uma comunidade. Seja como for, em 1230, o castelo estava edificado, dado haver referência à alcáçova.

Os autores também não são concordantes quanto à construção da cerca urbana, visto uns acharem que foi mandada construir por D. Dinis e outros por D. Afonso VI, em 1343, conjuntamente com a cerca de Nisa. Esta hipótese parece mais provável, visto o mestre da Ordem considerar de grande benefício que as duas vilas se cercassem, o que revela que, até essa data, tal ainda não havia sido feito. Dessa data deve ser também a torre de menagem poligonal, do séc. 15 a construção da barbacã e dos balcões da cerca, tendo ainda decorrido obras no séc. 16.

Vários episódios militares, como as Guerras da Restauração (1640-1668), a invasão hispano-francesa (1704), a utilização do castelo como quartel das tropas na cidade (a partir de 1799) e, por último, as invasões francesas causaram bastantes danos na fortificação e conduziram à sua ruína, a qual seria acentuada com a utilização dos seus materiais pela população, por vezes promovida pela edilidade, que também manda derrubar várias troços de muralha e portas e terraplanar o recinto do castelo para construção de uma escola.

Hoje subsistem apenas algumas estruturas do castelo e da cerca urbana, mas que as descrições dos Tombos do castelo e os desenhos de Duarte de Armas retratam no início do séc. 16.

Assim, o castelo, implantado num sítio privilegiado e dominante, tinha planta poligonal, com paramentos ameados, as muralhas com adarve acedido por escadas na espessura dos muros, e sete torres, desenvolvidas para o exterior, de um ou dois pisos, integrando no circuito a de menagem, de planta poligonal, acedida por um passadiço ameado a partir da muralha, e possuindo duas portas, rasgadas em torres, a principal virada à vila e a da traição confrontante, a poente.

No interior do recinto erguia-se a igreja e, no ângulo nordeste, apoiado na muralha, o paço dos comendadores, de provável feitura quinhentista, com pátio, de que conserva pano com o portal de acesso, biselado, onde existia a cisterna, estrebaria, e o paço, com várias dependências, a frontal com loggia sobre arcada, e um aljube.

Do castelo subsiste apenas parte das frentes norte e nascente, com panos de muralha já sem o remate nem adarve, mas com um caminho de circulação protegido por guarda plena, a torre norte, com várias seteiras, e a do ângulo a nascente, que integrava o paço. Esta é rasgada por janelas conversadeiras em revivalismo neomanuelino, procurando reproduzir as desenhadas por Duarte de Armas. O castelo é o único da Ordem do Templo em Portugal a integrar no interior do recinto a igreja.

A cerca urbana desenvolvia-se para nascente, com as muralhas e as torres ameadas, alguns balcões, seis portas, flanqueadas por torres, e três postigos, de feitura posterior, correspondentes aos arruamentos atuais, conservando visíveis vários troços de muralha, igualmente de paramentos aprumados, sem remate nem adarve, e três torres.

A dos sinos foi adaptada no séc. 19 a torre do relógio, sendo a atual zona superior, com o carrilhão, de perfil circular e ventanas em arco apontado, executada no séc. 20. A cerca era envolvida por barbacã completa, mas essa, a existir, encontra-se absorvida pela malha urbana.

A denominação Castelo Branco atribuída à antiga povoação de Vila Franca da Cardosa, inspira-se na de Chastel Blanc que os Templários detinham no Próximo Oriente (Síria) e onde, em 1171, ergueram um castelo, existindo, segundo Nuno Villamariz, algumas semelhanças entre as duas fortificações.

O castelo tinha contacto visual com os de Penamacor, Monsanto, Penha Garcia e Nisa, também da Ordem do Templo, e o de Castelo de Vide.




Castelo de Bemposta

 

Castelo do tipo "mota" construído no séc. 13, pela Ordem do Templo, depois de particulares lhe terem doado a povoação, integrando-se na defesa da Beira interior, de que apenas subsiste a torre, ainda que muito alterada.

De facto, em 1505, já sem importância estratégica, era composto por uma torre, com parte da estrutura em alvenaria, que começava a cair, com dois sobrados, acedida por portal virado a poente, tendo um outro, "em çima quasi no meio", a norte, parcialmente telhada e mal reparada, envolvida por uma "mota", ou seja, um monte de terra artificial criando uma zona alta sobre a qual se erguia a torre, no centro de uma área circular, envolvida por uma cerca, então já parcialmente derrubada, tendo à entrada desta um "boom cubello de cantaria ameado" e um portal pétreo em arco; dentro da cerca existiam antigas casas, nesta data considerados pardieiros, e um poço.

É provável que durante a Guerra da Restauração se tenha reforçado a defesa da povoação, com a construção de muralhas ou o revestimento a cantaria dos muros em terra que envolviam a torre, uma vez que as Memórias Paroquiais de 1758 referem a existência de muralhas, então já em muito mau estado, e da torre, com a zona superior de alvenaria.

Das antigas estruturas, subsiste apenas a torre medieval, ampla, de planta retangular, com paramentos aprumados, tendo apenas a zona inferior em cantaria.

Foi muito alterada no séc. 20 e, sobre um dos cunhais, foi-lhe acrescentada uma torre do relógio descaracterizante. A disposição curvilínea do núcleo de habitações que envolvem a torre denuncia o antigo traçado das muralhas.




Castelo do Rosmaninhal

 

Castelo desaparecido, construído provavelmente no séc. 13, pela Ordem do Templo, em local estratégico, para defesa da fronteira leste de Portugal, articulando-se com outros castelos Templários da Beira, tendo sido remodelado no séc. 14 e envolvido, juntamente com a vila, no séc. 17, por fortificação à moderna.

Tratando-se de uma região muito instável e parcamente habitada, possivelmente só depois de 1237, após o mestre D. Estêvão de Belmonte efetivamente povoar Rosmaninhal, se deve ter construído o castelo.

Este e a cerca urbana deveriam ter planta circular, dada a morfologia do casco urbano e à referência de ter setenta e três varas de redondo, no Tombo de 1678.

Em 1505 estava arruinado, possuindo cava ou fosso, e alicerces de parede com um arco. No séc. 17 e 18, o castelo volta a ter importância estratégica, dada a sua proximidade com Espanha e à implantação numa zona de fácil penetração do inimigo, mandando, por isso, o rei construir uma fortificação abaluartada, durante a Guerra da Restauração, envolvendo grande parte do casario, e posteriormente repará-la, aquando da Guerra da Sucessão de Espanha (1704).

Nas Memórias Paroquiais de 1758, as muralhas já estavam parcialmente demolidas e faz-se a distinção entre um forte do povo, contíguo a um forte do rei, o que pode ter a ver com a articulação das estruturas da antiga fortificação medieval com a abaluartada.

As estruturas fortificadas foram seriamente danificadas ou demolidas durante as invasões francesas, para acabarem por desaparecer com a construção do cemitério no local do castelo e reutilização dos materiais na construção de casas e muros particulares, ou sendo absorvidas pela malha urbana.




Castelo de Salvaterra do Extremo

 

Castelo construído provavelmente no séc. 13, pela Ordem do Templo, em local estratégico, para defesa da fronteira leste de Portugal, articulando-se com outros castelos Templários da Beira, reforçado, no séc. 15, por barbacã, e envolvido, juntamente com a vila, no séc. 17, por fortificação à moderna.

O castelo, de que subsiste apenas a torre de menagem, tinha planta circular, regular, tipologia menos comum e denotando grande modernidade, rasgada por uma porta em arco, com adarve acedido por escadas, tendo no interior, muito próximo da muralha, a torre de menagem, com três pisos, à volta da qual se dispuseram várias dependências, uma delas contendo cisterna.

Em meados do séc. 15, o castelo foi envolvido por barbacã extensa, reforçada por cubelos circulares ou retilíneos, individualizando a zona da porta, de modo que o acesso ao castelo fosse em cotovelo, e recebeu obras pontuais para uso de armas de fogo, com a abertura de troneiras.

As estruturas, de paramentos aprumados, rematavam em parapeito ameado e estavam em bom estado no início do séc. 16, exceto o interior da torre de menagem, procedendo-se então a algumas modificações na zona das dependências, que num dos lados recebeu muro ou "cerca" com troneiras e cubelo no ângulo.

A torre de menagem, na transição do séc. 19 / 20, foi adaptada a torre dos sinos e depois do relógio, adulterando-se a zona superior. No âmbito da Guerra da Restauração, o castelo e a vila, desenvolvida extramuros, foram envolvidos por ampla fortificação à moderna, composta por cinco baluartes ou meios baluartes, existindo desenho representando ainda uma obra corna de braços compridos, disposta à frente do baluarte que separava as duas portas de acesso.

Estas estruturas foram igualmente demolidas ou absorvidas pela malha urbana a partir de finais do séc. 19. A defesa do castelo era reforçada por atalaias, de que ainda hoje subsiste uma, de provável construção medieval, junto à margem do rio Erges, e em frente do castelo de Peñafiel.




Castelo de Penamacor / Castelo e cerca urbana de Penamacor

 



Fortificação terrestre com castelo da época medieval, provavelmente construído na transição do séc. 12 para o 13, pela Ordem do Templo, em local estratégico, e cerca urbana de finais do 13 / inícios do 14, remodelados no séc. 15 e no 16, a que se acrescentou fortaleza abaluartada, em meados do séc. 17, articulando-se com outros castelos da Beira. Não existe documentação a comprovar a doação de Penamacor à Ordem, mas a povoação integrava-se no território de Idanha e Monsanto, dado por D. Afonso Henriques, em 1165, aos Templários, sendo possível que, apesar da grande instabilidade, a Ordem ali tivesse construído o castelo antes de D. Sancho I lhe conceder foral (1209), para fixação de habitantes, visto o documento já referir o pretor ou alcaide.

A construção da cerca urbana da vila e da barbacã também não estão documentadas, mas normalmente são atribuídas, respetivamente, ao período de reformas nas fortificações fronteiriças por D. Dinis (1279-1325), e ao reinado de D. Fernando (1367-1383). Ao certo, sabe-se que, em 1471, D. Afonso V determina que o dinheiro da vila fosse aplicado à "mui necessária obra do castelo", ainda que se desconheça a natureza das obras. Em finais do séc. 15, D. Afonso V doa a fortificação e vila de Penamacor ao príncipe João, e, em 1498, D. Manuel integra-a na Coroa, iniciando-se, pouco depois, um período de obras.

Assim, após vários séculos de adaptação às necessidades de defesa, Duarte de Armas representa o castelo com planta irregular, composto por torre de menagem, fora do circuito muralhado, que envolvia vários aposentos sobradados, dependências e pátios, com duas portas: a principal, a nascente, protegida por barbacã em L, com dois cubelos ultra-semicirculares a nascente e acesso por porta simples, a partir da vila, e a porta falsa, a sul, na zona mais escarpada, com pequena barbacã.







Castelo de Castelo Novo

 



Castelo construído no séc. 13 pela Ordem do Templo, em local privilegiado e dominante reformado no séc. 15, após ter sofrido extensa destruição e um período de abandono, articulando-se com outros castelos da Beira interior, nomeadamente Penamacor, Monsanto e Idanha-a-Nova.




De facto, após a doação de vários bens em Castelo Novo e da própria vila, em 1252, conforme se depreende do foral manuelino, a Ordem deve ter construído o castelo, que teria uma planta ovalada, adaptada ao terreno de grandes afloramentos rochosos, com uma só porta, disposta a nascente, em arco de volta perfeita, junto à qual se localizaria o pequeno pátio, com vários compartimentos, e a torre de menagem, quadrangular e características românicas, no limite poente do recinto, a zona mais elevada do cabeço.

O afloramento rochoso foi cortado abruptamente para implantação da torre, que teria acesso sobrelevado e o piso térreo cego. Mais tarde, talvez durante o reinado de D. Dinis, foi rasgada, junto à torre de menagem, a porta virada a poente, já em arco apontado, e construído o cubelo e o pano de muralha saliente, que o flanqueiam, mas esta porta seria pouco funcional, devido ao exíguo espaço de circulação que permitia.

Sobre a porta viria ainda a ser construído um balcão com mata-cães. Segundo Silvana Silvério e Luís Barros, no séc. 14, possivelmente depois dos conflitos com o reino vizinho, o castelo sofreu destruição das suas estruturas e um período de abandono, a que se seguiu, no final do séc. 14 / meados do séc. 15, a sua reconstrução, em ritmo acelerado, e algumas beneficiações, tendentes a maiores condições residenciais. 




Castelo de Penha Garcia

 



Castelo construído provavelmente no início do séc. 14, pela Ordem do Templo, sobre as estruturas de um outro mais antigo, visto o documento de doação explicitar doar o castelo e vila de Penha Garcia, em local estratégico, para defesa da fronteira leste de Portugal, articulando-se com outros castelos Templários ou reais da Beira Baixa, tendo recebido obras de reforço da defesa no séc. 15 e no 16.

Da antiga fortificação gótica, que revelava um total aproveitamento da morfologia do terreno, com as estruturas implantadas entre os afloramentos rochosos escarpados, subsiste apenas a pequena cidadela, no topo do imponente maciço, ainda que um pouco alterada pela ferocidade do tempo e pelas obras do séc. 20 que, de certa forma, o recriaram.

Tem planta retangular, com muralhas aprumadas, que rematavam em parapeito ameado, integrando, no ângulo sudoeste, torre de menagem hexagonal, com a altura de "uma lança de armas", também rematado em parapeito ameado, e interiormente com dois sobrados, subsistindo atualmente apenas no interior o maciço do seu arranque, tendo a zona que avançava para o exterior sido desbastada, conforme denuncia a irregularidade do aparelho.

A muralha recebeu melhoramentos nas condições de defesa, possivelmente, no séc. 15, com a abertura de troneiras, para adaptação às armas de tiro, e de um balcão, na frente nascente, este com estruturas ainda visíveis em 1962, mas de que nada subsiste. 




Castelo de Montalvão

 



 

Castelo terrestre da época medieval, construído no séc. 12 / 13, pela Ordem do Templo, para defesa da fronteira leste de Portugal, articulando-se com outros castelos da Beira e do Alto Alentejo, interligados por várias atalaias, recebendo pequenas reformas no séc. 17, durante a Guerra da Restauração.

Edificado num sítio privilegiado e dominante, apresenta planta ovalada de recorte côncavo a sudoeste, composta por muralhas e dois cubelos quadrangulares, bastante salientes, dispostos a norte e a sul, com paramentos aprumados, em alvenaria de xisto, com alguns troços em espinha, correspondendo aos vestígios mais antigos, de silhares ciclópicos nos cunhais e sem remate.

Ao longo de todos os muros exteriores verifica-se o uso de possante alambor, formando rampa pétrea, só interrompida na face da porta, à semelhança do construído no Castelo de Tomar, casa mãe da Ordem do Templo, ainda que aí numa escala mais extensa. Apesar da importância estratégica na época Medieval, visto Montalvão permitir a ligação entre o norte e o sul através da barca que ali atravessava o Tejo, é possível que o castelo nunca tenha sido concluído.

Isto porque o Tombo da Visitação da Ordem de Cristo, de 1506, refere apenas o circuito de muralhas no topo da vila e concentra-se na descrição das casas que a Ordem tinha junto ao castelo, mas extramuros, e o desenho de Duarte de Armas, no final dessa década, representa-o sem o habitual remate de parapeito ameado ou liso, mas com as muralhas inacabadas no remate e com a legenda "este castelo esta asy começado antigamente".

As Memórias Paroquiais, de 1758, descrevem as muralhas, "demolidas em muitas partes", com 30 palmos de altura, sobre alambor ou "pé do castelo" com "vinte e tantos palmos de altura" e feito em escarpa, tendo no interior armazém, "campo da guarda" e cisterna, ainda que as duas últimas estivessem muito demolidas. Durante a guerra da Restauração, Montalvão integrava-se na primeira linha de fortificações, constituindo um dos castelos que barrava e controlava os itinerários a norte da penetrante do Caia, ou seja, a cavaleiro da estrada que ligava Elvas a Lisboa.




Castelo de Nisa / Castelo e cerca urbana de Nisa

 

Fortificação terrestre composta por castelo e cerca urbana, medieval, construída na década de 90 do séc. 13, pela Ordem do Templo, com as obras dirigidas pelo mestre da milícia frei Lourenço Martins, para defesa da margem esquerda do Tejo, articulando-se com outros castelos da Beira e do Alto Alentejo, sendo reformada no reinado de D. Afonso IV e no séc. 16, e reforçada no séc. 17, durante a Guerra da Restauração.

O castelo, destruído na Guerra da Sucessão de 1704, e de que subsiste apenas um troço de muralha a sul, tinha características góticas, de planta quadrangular regular, com torres quadrangulares nos ângulos, integrando no seu circuito a de menagem, mais alta e com balcão e amplo vão no último piso, e duas portas, a principal virada à vila (nascente) e a da traição na frente oposta, de paramentos aprumados rematados por parapeitos ameados.

Interiormente tinha dependências adossadas formando pátio central, as quais foram profundamente remodeladas e ampliadas no início do séc. 16, pelo comendador e alcaide João de Sousa.

O poço do castelo, desenhado por Duarte de Armas e descoberto aquando da construção de uma vivenda no local, é escavado na rocha e tem cerca de 14 m.

O castelo era envolvido por barbacã, de construção posterior, talvez no séc. 14 / 15, rasgada por troneiras cruzetadas e dois portais, desalinhados com os do castelo.

A cerca da vila, desenvolvida para nascente, a partir das torres do castelo, conserva-se quase na sua totalidade, ainda que integrada e absorvida pela malha urbana, a partir do séc. 19, e sem o remate, que era de parapeito ameado, com vários balcões. 




Castelo de Alpalhão

 



 

Castelo terrestre desaparecido, construído por volta de 1300, pela Ordem do Templo, para defesa da margem direita do Tejo, profundamente reformada no final do séc. 15 / início do 16, pelo comendador Fernão da Silva, articulando-se com outros castelos da Beira e do Alto Alentejo. Implantava-se em zona privilegiada, permitindo controlar a via militar romana que ligava Santarém a Cáceres, passando por Gavião e Castelo de Vide.

A descrição no Tombo da Ordem de Cristo e os desenhos de Duarte de Armas, ambos da primeira década do séc. 16, permitem definir o castelo de Alpalhão como um castelo da primeira fase da arquitetura militar de transição, com grande regularidade planimétrica e algumas soluções de adaptação à artilharia pirobalística.

Possuía planta sub-quandrangular, integrando a antiga torre de menagem medieval num ângulo e tendo nos restantes torres circulares abobadados, adaptadas ao tiro flanqueado com armas de fogo, tendo três níveis de tiro, o inferior com troneiras cruzetadas, as quais surgiam também nos vários panos de muralha.

A torre de menagem tinha características residenciais, com boa iluminação, por amplas janelas conversadeiras, chaminé de aquecimento em cada um dos pisos e forro de madeira, comunicando com ampla sala de aposentamento, acedida por escada exterior. É possível que o castelo tenha recebido obras à moderna na sequência da Guerra da Restauração.

A fortificação foi bastante arruinada durante a Guerra da Sucessão Espanhola, em 1704, acabando por ser demolida e absorvida pela malha urbana da povoação.


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